Rachadura em parede de açude preocupa famílias

Cariús. Moradores das áreas próximas ao Açude Flor da América, na zona rural deste município, mostram-se preocupados com as rachaduras e a erosão existentes na parede do reservatório, que apareceram logo após as chuvas ocorridas no primeiro semestre deste ano. Em face da proximidade de um novo período chuvoso, a população local, técnicos da Prefeitura, da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) e da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) temem que o problema se agrave.
As fissuras sobre a parede e as erosões verificadas nas duas laterais surgiram após obras de ampliação do Açude Flor da América, realizadas há um ano. A barragem pertence ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Tem capacidade de acumular cerca de 8 milhões de metros cúbicos de água e está localizada em um assentamento rural.
A situação da barragem e o temor de arrombamento em caso de chuvas rigorosas em 2010 foram discutidos na recente reunião do Comitê da Sub Bacia Hidrográfica do Alto Jaguaribe, realizada na cidade de Iguatu. Técnicos da Comissão Estadual de Defesa Civil (Cedec), da Cogerh e da Comdec visitaram a barragem para verificar a extensão das rachaduras. "Estamos preocupados com a situação. É necessário que sejam adotadas medidas preventivas", opina Carlos Barbosa, coordenador da Comdec.
O técnico da Cedec, Wilson Maranhão, também se mostrou preocupado com as fissuras e erosão ao longo da parede. "Vamos elaborar um relatório sobre o quadro atual", disse. O documento será encaminhado para o Incra, a Secretaria de Recursos Hídricos, Cedec, Comdec, Conselho Municipal de Desenvolvimento Social e para a Prefeitura de Cariús. "Entendemos que o período de recuperar a obra já passou e que agora só há tempo para realizar medidas preventivas", disse Maranhão. De acordo com Carlos Barbosa, foi realizada no Fórum de Justiça local uma audiência pública com participação de representantes dos moradores do assentamento rural, do Incra e da Prefeitura de Cariús para discutir o problema do Açude Flor da América.
"Foi dado um prazo para que a construtora responsável pela obra de ampliação consertasse as rachaduras até o início de dezembro, mas nada foi feito até agora", explicou. "O que foi acordado não foi cumprido". Barbosa informou também que o Incra não recebeu a obra da Construtora Ômega, contratada pela Prefeitura, em 2008, para executar os serviços de ampliação do açude.

Fora das normas
Os moradores e técnicos da Prefeitura acreditam que o serviço de ampliação da barragem não foi feito segundo as normas de engenharia. "Não houve compactação adequada do solo e nem corrigido o problema de vazamentos internos na parede", disse Carlos Barbosa. "Parte da população está apreensiva e preocupada".
Caso a quadra chuvosa seja intensa, os moradores do Sítio Flor da América ameaçam arrombar a parede da passagem auxiliar, temendo que a parede principal, que apresenta rachaduras e erosão, não suporte a força da água acumulada no reservatório.
O responsável pelos serviços de ampliação do açude, Jocélio Viana, disse no entanto que as rachaduras não representam risco de arrombamento da barragem. "Não há esse risco e as fissuras são decorrentes da acomodação do solo e não comprometem a parede", disse. "Houve compactação, mas as rachaduras surgiram em janeiro, após as primeiras chuvas".
Jocélio Viana confirmou que não cumpriu o prazo acordado na audiência pública com o Ministério Público, mas prometeu que até o fim de janeiro próximo a obra de recuperação seria realizada. "Tivemos um prazo curto de apenas 30 dias e não há máquinas disponíveis para alugar", justificou. Ele atribuiu ao problema político entre a atual administração e a anterior a motivação das denúncias de risco de arrombamento da barragem. "Vamos recuperar as fissuras e as erosões". Esclareceu, entretanto, que não recuperou as infiltrações, popularmente conhecidas por "bombas de água", porque não havia previsão deste serviço no projeto de ampliação da obra.

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