Tasso fala em "grande decepção"

Pela primeira vez, o senador lamentou publicamente a postura dos Ferreira Gomes em relação às negociações eleitorais. Tasso disse que os rumos políticos do Governo estão %u201Cmal traçados%u201D e reafirmou a candidatura própria do PSDB

Hébely Rebouças
hebely@opovo.com.br
18/06/2010 02:00

Atualizada às: 17/06/2010 22:57


Após cerca de uma semana evitando falar publicamente sobre o rompimento com os Ferreira Gomes, o senador Tasso Jereissati (PSDB) decidiu manifestar aos quatro ventos sua insatisfação. Ontem, em Brasília, o tucano disse estar decepcionado com a postura do Governo Cid Gomes (PSB) e avaliou que a estratégia política da cúpula do Executivo cearense – que acabou isolando a sigla tucana – está equivocada.

“A gente entende que os interesses políticos, em determinados momentos, ditam os rumos. Mas esses rumos, a meu ver, estão mal traçados. Dentro de todo o contexto, há uma grande decepção”, declarou ao portal Último Segundo. Essa foi a primeira vez, fora das reuniões internas do PSDB, em que o senador bateu em Cid e seu irmão, o deputado federal e aliado histórico de Tasso, Ciro Gomes (PSB).

Entre quatro paredes, o senador já havia demonstrado estar desapontado com o tratamento que recebeu do Governo no momento crucial de definições eleitorais. No ninho tucano, circula a informação de que há mais de um mês Tasso vinha tentando conversar com os Ferreira Gomes sobre a aliança para o pleito deste ano e sobre o tipo de apoio que o Palácio Iracema daria à sua candidatura à reeleição para o Senado. Nenhum retorno, entretanto, teria sido dado.

Conforme O POVO publicou ontem, Tasso chegou a lamentar, durante reunião com prefeitos do PSDB na última segunda-feira, que “a vinda (do presidente) Lula ao Ceará (na semana passada) acabou com a valentia dos Ferreira Gomes”.

De acordo com o entendimento do parlamentar, o silêncio do governador e de Ciro em relação à aliança com o tucanato e o fato de Lula ter defendido a dobradinha Eunício Oliveira (PMDB) e José Pimentel (PT) ao Senado na chapa protagonizada por Cid significariam que o PSDB havia sido passado para segundo plano.

O chefe do Executivo estadual tem argumentado que a demora nas negociações deu-se por causa do calendário de conversas internas no PSB. À despeito do rompimento, Cid também tem dito que ainda tem interesse em negociar com a sigla tucana.

Tarde demais?

Mas agora quem não quer é Tasso, pelo menos aparentemente. Ontem, ele voltou a confirmar que o PSDB lançará um adversário para Cid nas eleições de outubro. “Sabemos que vai ser uma campanha dificílima, temos todas as forças contra nós, mas vamos, sim, lançar candidatura própria”, reforçou.

Tudo indica, porém, que, uma vez homologada, a proposta poderá sofrer resistência em alguns ninhos tucanos no Interior do Estado. O POVO apurou que, enquanto parte da militância do partido aplaude o rompimento com os Ferreira Gomes, outros setores não gostam da ideia de ser oposição ao, até pouco tempo atrás, aliado Cid.

“Do ponto de vista da preferência eleitoral, não tenho opinião formada. Ainda não deu tempo de tomar uma decisão sobre isso”, ponderou um prefeito do PSDB que pediu para não ser identificado.

Integrante da ala do partido que defende a candidatura própria, o prefeito do Crato, Samuel Araripe, admitiu que o momento, agora, é de diálogo com as bases, para convencê-las a abraçarem o nome tucano na briga pelo Governo. Ciente de que poderá haver dissidentes na campanha, Araripe – que se tornou um dos mais próximos de Tasso – deu o recado: “Nós não podemos aceitar um prefeito do PSDB vote em um candidato de outro partido.”.



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