CASO ALANIS - Testemunha revela ameaças


Mulher que viu o criminoso com a menina registra queixa na Polícia Civil. Intimidações já estão sendo apuradas

"Quero proteção". A frase foi proferida por Fátima (nome fictício), uma das principais testemunhas no inquérito policial que investiga a morte da menina Alanis Maria Laurindo, 5 anos, raptada, violentada sexualmente e, depois, assassinada, há duas semanas, crime que chocou a opinião pública do Estado do Ceará.
A mulher afirma que está ameaçada depois que reconheceu o estuprador acusado de ter assassinado a menina. Fátima é ambulante e trabalha na rua. Todos os dias, das 18 às 23 horas, ela vende lanches em uma praça situada a poucos metros do terreno baldio, na Rua Rui Monte, bairro Antônio Bezerra (zona oeste da Capital), onde Alanis foi morta.
Na manhã de ontem, a Reportagem esteve na residência de Fátima, onde ela concedeu uma entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste e contou como reconheceu o estuprador Antônio Carlos dos Santos Xavier, o ´Casim´, como o homem que raptou a menina.

Nos braços
A ambulante explica que, no dia do rapto (7 de janeiro) estava em seu local de trabalho quando, exatamente por volta de 22h10, viu uma cena estranha, quando um homem desceu de um ônibus da linha ´João Arruda´, em um ponto próximo da praça e seguiu A pé com uma criança nos braços.
Tratava-se de uma menina e esta estava dormindo. O estranho passou pela banca de Fátima sem dizer nada e seguiu em direção ao matagal próximo de um condomínio residencial. Cerca de 50 minutos depois, voltou sozinho e parou na banca de lanches. "Perguntei pela menina. Ele disse que era sua sobrinha e que a tinha deixado na casa dos pais. Pediu um suco, pagou e foi embora. No dia seguinte, soube que a Polícia estava procurando a criança que havia sido raptada no Conjunto Ceará e, logo, me lembrei da cena da noite anterior", contou Fátima.
A mulher diz que ficou muito nervosa e ainda mais chocada quando soube que a criança havia sido encontrada morta perto dali, no fim da tarde do dia seguinte (8). "Não trabalhei mais. Fiquei muito abalada e a Polícia me procurou. Não deu mais para ir vender os lanches sabendo que estavam à procura do assassino e eu o tinha visto", explica. Fátima conta que foi abordada pela Polícia e ajudou nas investigações. Afirma que só teve um pouco de alívio quando soube da prisão do acusado.

Reconheceu
Em meio às diligências que a Polícia fazia acerca do crime, Fátima foi levada até a Superintendência da Polícia Civil e, no Departamento de Inteligência Policial (DIP), fez o reconhecimento do acusado. Ela não teve qualquer dúvida em apontar "Casim´ como o homem que passara ao seu lado com a criança nos braços e, depois, sozinho, comprou o suco em sua banca e foi embora.
Na semana passada, acreditando que poderia voltar a trabalhar sem mais nenhuma preocupação - já que o assassino já estava preso - a ambulante foi surpreendida com o começo das intimidações. Segundo ela, um casal conhecido viu quando duas pessoas estavam nos arredores da praça e uma delas apontou em sua direção e disse a seguinte frase: "aquela loura é a cabueta safada, ela vai ver"
Ao tomar conhecimento do fato, Fátima voltou a ficar aflita e procurou providências junto ao superintendente da Polícia Civil, delegado Luiz Carlos Dantas. No dia seguinte, ela registrou um Boletim de Ocorrência (B.O.) no 10º DP (Antônio Bezerra). Temendo vir a sofrer represálias, ela fez um apelo por segurança. A mulher fez questão de ressaltar que não sabe quem são as pessoas que lhe ameaçaram, mas garante que sua preocupação é anterior a entrevista concedida pelo estuprador à TV, quando incriminou terceiros no caso.

PROTAGONISTA
O assassino e sua vítima

Antônio Carlos dos Santos Xavier

Capturado na semana passada, após uma intensa caçada policial, o acusado confessou o crime com riqueza de detalhes. Demonstrou frieza e não se revelou arrependido de seu ato delituoso. Ele estava foragido da Justiça desde maio de 2008, quando escapou da Colônia Penal Agropastoril do Amanari, depois de condenado a 23 anos de prisão. Em 2000, cometeu crime semelhante, ao raptar e violentar uma menina no bairro Genibaú

Alanis Maria Laurindo

A menina ´sumiu´ quando estava em companhia dos pais e da avó na Igreja do Conjunto Ceará, na noite de 7 de janeiro passado. No fim da tarde do dia seguinte, seu corpo foi encontrado dentro de um matagal, ao lado de um córrego, na Rua Rui Monte, bairro Antônio Bezerra. O corpo da criança estava despido e apresentava sinais de violência sexual e marcas de estrangulamento. Ela foi levada pelo maníaco após ser atraída com pipocas. O crime chocou a população cearense



FERNANDO RIBEIRO
EDITOR

EMERSON RODRIGUES
REPÓRTER

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