Meningite mata adolescente

Uma garota de 12 anos de idade, moradora do Meireles, é a oitava vítima da meningite meningocócica do Ceará, em 2009. A garota apresentou os primeiros sintomas da doença na tarde da última terça-feira e foi a óbito na manhã da quarta-feira, no Hospital São José (HSJ). O caso foi confirmado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) e pelo diretor do hospital, Anastácio Queiroz.
De acordo com o infectologista, a rapidez com que o quadro evoluiu - de simples febre e dor de cabeça para a morte - não deu tempo para qualquer reação do organismo da menina. "Foi impressionante, em menos de 18 horas, a meningite matou a adolescente, sem que seus pais tivessem tempo de entender o que se passou", lamentou.
A garota, conta Queiroz, começou a ser tratada em casa. Na madrugada da terça para a quarta-feira, seu quadro se agravou. "Ela apresentou manchas no corpo e a ponta dos dedos chegaram a fica da cor preta". Ela ainda foi levada para o Hospital Luiz de França e de lá, encaminhada com urgência para o São José, já com parada cardiorrespiratória. "Não conseguimos fazer quase nada. Ela faleceu por volta das 10 horas. Só confirmamos o diagnóstico".
Após seu falecimento, o enterro teve que ser realizado imediatamente e o corpo foi levado, em caixão lacrado, para Coreaú, cidade natal de sua mãe.
O médico ainda informa que todas as medidas de contenção e bloqueio para evitar a contaminação da infecção foram tomadas com todas as pessoas que tiveram contato com a garota, dos familiares aos colegas da escola, vizinhança e os próprios profissionais de saúde. "Os pais e parentes tomaram, inclusive, medicamentos e foram imunizados. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) monitora a escola e a rua onde a família mora".
Antes da adolescente, outras sete pessoas morreram em decorrência da doença. São duas mortes em Fortaleza e uma em Juazeiro do Norte, Pacatuba, Várzea Alegre, Crateús, Ipu e Trairi. Apesar de confirmada o óbito pela meningite, a Sesa não divulgou boletim atualizado. "O São José atestou o diagnóstico, no entanto, é preciso sair o resultado laboratorial", diz a Secretaria, por meio de sua assessoria de comunicação.

Boletim epidemiológico
De acordo com os dados do último boletim, de outubro passado, são 31 casos confirmados da doença no Ceará. De acordo com a direção do HSJ, a meningite dos tipo bacteriana (forma mais leve) e meningocócica (a mais letal) já infectou 220 pessoas no Estado, este ano. Do total, 31 da forma mais grave. Apesar disso, salienta Queiroz, o Ceará não enfrenta surto da doença. "Não é preciso pânico. Todos os anos temos registros da meningite. Os números estão dentro do esperado". O mais importante é que as pessoas fiquem atentas para os primeiros sintomas.
Em 2008, foram 67 casos da meningocócica no Estado, com um total de 15 mortes.

CHANCES
Diagnóstico precoce pode salvar vidas
O infectologista Anastácio Queiroz, diretor do Hospital São José, alerta que, pela meningite apresentar os mesmo sintomas de uma gripe, como febre e dor de cabeça, as pessoas, principalmente pais de crianças e adolescentes, devem procurar atendimento médico imediatamente e evitar automedicação. "O diagnóstico precoce da doença representa grande possibilidade de tratamento e cura", afirma.
Toda a vez que a criança, ensina o médico, especialmente se for muito pequena, ficar muito mole, caída, irritadiça, com febre e se queixar de dor de cabeça é preciso suspeitar de que possa ser um quadro de meningite. "É preciso valorizar e alertar tudo em criança".
Se ela vomita, reafirma, vai ficando mais prostrada e apresenta dificuldade para mexer a cabeça porque a nuca está mais rígida e dolorida, é preciso procurar um médico para obter um diagnóstico e começar o tratamento o mais depressa possível.
Antes da adolescente, um menino, Dimas Aleixo da Silva, de um ano de idade, foi vítima da doença. Natural de Pernambuco, ele veio com a família para a romaria de Finados, em Juazeiro do Norte, região do Cariri.
Na viagem, o menino começou a apresentar os sinais da doença: tontura, vômito, febre, manchas vermelhas pelo corpo e rigidez na nuca. Assim que chegou foi levado ao hospital, mas já estava quase sem vida e morreu após receber os primeiros atendimentos.



LÊDA GONÇALVES

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