Moradores e comerciantes do Centro deste município enfrentam dificuldades na convivência com uma obra de saneamento que foi iniciada há quase três meses. Apesar de considerar a intervenção importante pelos benefícios que o tratamento de esgoto vai trazer para a limpeza urbana e a saúde, alguns dizem que não suportam os transtornos causados nas ruas da cidade, que se tornaram excessivos.
A falta de celeridade na conclusão da obra também é outro ponto de queixa de quem trabalha ou precisa passar pelos trechos da obra diariamente, já que dificulta a circulação e prejudica o comércio no local. Os comerciantes denunciam que há períodos em que simplesmente não há trabalho, deixando a buraqueira e os problemas. A queda nas vendas também é creditada às obras no local.
"Eles deveriam, quando iniciam uma obra num determinado trecho, concluir imediatamente", reclama a comerciária Rita Maria Ponte Linhares, acrescentando que tem feito um caminho bastante longo para deixar os filhos no colégio por conta da interdição da via.

Problema temporário
As obras de saneamento nesta etapa estão concentradas em parte das ruas Joaquim Ribeiro, Domingos Olímpio, Floriano Peixoto e Luzanir Coelho, onde o movimento costuma ser intenso por conta do comércio local. De acordo com o titular da Secretaria da Infraestrutura de Sobral, Irismar Azevedo Filho, os trabalhos de saneamento do centro da cidade estão orçados em pouco mais de R$ 20 milhões e deverão ser concluídos ainda este mês. O secretário conclui, portanto, que os benefícios que o saneamento vai trazer para a cidade compensam os problemas que a obra, como qualquer outra, acaba causando. Ele pede um pouco mais de paciência para a população.
"Os comerciantes e os moradores ainda vão ter que esperar mais um pouco", disse Irismar Filho. Segundo ele, as obras realizadas no Centro de Sobral são uma sequência do sistema de esgotamento sanitário e faz parte de um convênio firmado entre a Prefeitura Municipal e o Governo Federal. Os recursos da obra são oriundos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Prejuízos
Além dos transtornos, a preocupação dos comerciantes é com a queda nas vendas pela dificuldade no acesso às lojas. A passagem de carros e motos já é impedida pela interdição das ruas. Enquanto executam a obra de saneamento, os operários deixam areia e pedra de calçamento amontoados próximos à calçada, o que prejudica ainda mais a circulação de pedestres e diminui a frequência de clientes nos trechos.
O comerciante Miguel Cosmo considera que a queda nas vendas já supera os 50%, se comparado com o mesmo período do ano passado. Ele teme que a demora na conclusão do saneamento prejudique ainda mais o seu negócio. "Está muito fraco, quase não recebo clientes, o movimento por aqui é mais de pessoas que vem pagar alguma compra".
Outro comerciante que considera a obra importante para a cidade é o farmacêutico Antônio Lima Fontenele. Mesmo assim, ele não deixa de se preocupar com a perturbação e a demora que a obra tem causado. "Eles chegaram hoje pela manhã em frente à minha farmácia, começaram a cortar o asfalto, mas já saíram. Acho que eles deveriam permanecer aqui até concluir esta etapa", reclama Antônio Lima Fontenele.