Morre o rabequista José Oliveira

A cultura popular do Cariri perde um dos seus mais legítimos representantes. Morreu José Oliveira, filho do famoso "Cego Oliveira", um portador de deficiência visual que fazia da arte de tocar rabeca o seu ganha pão, um exemplo de superação que comoveu e encantou o mundo com o som de um instrumento rudimentar, catando os benditos do Padre Cícero. Zé Oliveira herdou do pai o nome, a deficiência visual, a arte de tocar rabeca e a vontade de viver.
A exemplo do pai, morreu pobre numa casinha simples, localizada na Rua Princesa Isabel, em Juazeiro do Norte. Quando era mais novo, costumava mendigar, no dia de segunda-feira, na Rua Bárbara de Alencar, no município do Crato.
Quando alguém o procurava para ir à casa de seu pai, que morava na zona rural, era ele quem ensinava o caminho. Mesmo cego, ele indicava ao motorista o caminho de sua casa. Conhecia, pelo balançar do veículo, todos os acidentes geográficos da estrada. Se o motorista errasse o caminho, ele corrigia. Sabia, pelo tato, o valor das moedas que ele mendigava.
Zé Oliveira não conheceu a fama. Não foi agraciado com o título de "Mestre da Cultura". Mas, com a sua resignação, conquistou uma legião de admiradores que o tinham como um exemplo de paciência e sabedoria. Sem a vista, enxergava o mundo com o coração.
Para o folclorista cratense Cacá Araújo, o Zé Oliveira foi um destes artistas anônimos que existem na periferia das cidades. O Cariri, segundo Cacá, é o celeiro de artistas que ainda não foram descobertos pela grande mídia. Ele lembra o famoso Cego Aderaldo, do Crato. Já o radialista João Rodrigues Menezes destaca que o Zé Oliveira foi um dos maiores referenciais da cultura carirense. É dele a última foto do "rabequeiro" que divulgou o nome de Juazeiro.

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