Disputa entre pescadores faz Icapuí reforçar policiamento


As comunidades pesqueiras do Litoral Leste do Ceará estão em pé de guerra na luta por espaços no mar para a captura da lagosta. Ameaças de morte, queima de barcos, denúncias de abusos e a falta de fiscalização acirram os ânimos. A sede de Icapuí vive dias de incerteza. A cidade está praticamente parada. O medo e a tensão tomaram conta de todos.
A Câmara Municipal está sem funcionar há 15 dias. Vereadores sofreram intimidações e não querem correr riscos. O prefeito José Edilson Cirino quase não comparece à Prefeitura. A população se sente desprotegida. Exige alternativas.
Acuados, mil pescadores artesanais das praias de Redonda e Peroba estão sem entrar no mar há uma semana. Alguns se dizem "prontos" para tudo, outros aguardam intervenção pública. De braços cruzados, a única atitude do grupo é montar "guarda" na proteção das embarcações e dos dois barcos adquiridos por eles para fazer a fiscalização em alto-mar. O ponto de encontro é a Boca do Povo. "Só podemos esperar que a situação amenize. A comunidade só quer paz", assegura o pescador Raimundo Nonato da Costa, 56 anos, 46 dedicados à pesca.Do outro lado do conflito, um verdadeiro batalhão de cinco mil pescadores de Barrinha, Barreira, Tremembé, Icapuí e Melancias, que usam marambaias, caçoeiras ou redes de arrasto e compressores de ar para mergulhar, capturar lagosta e destruir os manzoás dos legais. Eles não aceitam que os artesanais façam a fiscalização no mar com os dois barcos comprados pela comunidade e prometem "invadir" a praia dos rivais e queimar as embarcações.O grupo não quer acordo.
A competição acirrada existe há mais de 30 anos, mas vem ampliando o raio de ação: do mar para a terra.Na última tentativa de sessão, no dia 15, pescadores piratas tentaram invadir a Casa Parlamentar. Os alvos do grupo de manifestantes são dois vereadores - Manoel Jeová da Silva, o Cadá; e Raimundo Bonfim Braga, o Camundo. Eles representam as comunidades da Redonda e Peroba. "Estamos ameaçados de morrer se aparecermos na cidade", denuncia Cadá.Para evitar choque entre as duas partes, a Polícia Militar reforçou o policiamento em Icapuí. Um efetivo de 26 PMs dos batalhões de Aracati e Russas, seis viaturas e quatro motos realizam ação ostensiva, com fechamento de ruas, abordagem de veículos e busca de armas.
A Companhia de Policiamento Rodoviário(CPRV) apóia a operação na parte de fiscalização e documentação do condutor e veículos. "A ação não tem tempo determinado para acabar", avisa o comandante da ação, capitão Paulo de Tarso.Na próxima segunda, às 14h, uma comissão de pescadores artesanais e os nove vereadores de Icapuí terão audiência na Secretaria de Segurança Pública com o objetivo de requisitar segurança reforçada.

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